Começamos isso faz mais ou menos um mês, mas parece que já temos uma vida inteira juntos. É engraçado como o destino ou a vida, seja lá o que queira denominar, nos prega peças e nos faz parar tudo o que estamos fazendo para pensar em como coisas assim pode acontecer.
Como bem disse a Roberta Sá em uma de suas canções, “eu tava aqui na minha e você foi aparecer derramando estrelas sobre a minha solidão” e eu percebo que não sou tão forte e tão blindada quanto acreditava ser. Você chegou, ou melhor, voltou após anos, invadindo novamente a minha vida e rotina programada, me fazendo perder o chão por alguns segundos e respirar cada vez mais fora do compasso. Você volta à minha vida me fazendo sorrir das minhas próprias frases de efeito, da minha forma de falar com as mãos, do modo com que eu prendo o cabelo e mordo involuntariamente os lábios e o canto da unha. Você volta me fazendo mil e um questionamentos sobre meus segredos mais obscuros que, talvez , eu tenha até escondido de mim mesma. Você volta com a promessa de não me fazer desistir, mais uma vez, de nós.
Como já justifiquei, me afastei de você porque, de fato, não acredito que eu seja uma princesa dos contos de fadas que estão destinadas a ter um final feliz. Claro, pode até aparentar ser um discurso clichê que a Martha Medeiros condenaria, mas eu não posso evitar, isso é o que eu realmente penso. Além disso, você tem três tatuagens enormes, torce para o Corinthians e não acredita em minhas crenças e superstições o que, automaticamente, seriam grandes problemas com a minha família. Sim, levo muito à sério o que eles pensam, muito embora eles não acreditem nisso… Mas apesar das péssimas escolhas, você me faz querer ter uma casa, um dálmata e filhos.
Eu sei que às vezes ou quase sempre exagero nas interpretações, paciência curta e respostas grossas. Sei que eu procuro problemas onde não tem. Sei que você sente que só você faz por nós e eu apenas assisto o seu esforço deitada no sofá. Sei que tudo isso está se tornando insustentável. Sei que a qualquer momento, mais uma vez, isso chegará ao fim. Sei que a culpa será minha e que irei lamentar profundamente… Não gostaria de passar pelo adeus, mais uma vez…
Eu sei que é difícil acreditar, mas eu não queria que deixássemos de ser nós.
E eu falei, falei, falei e falei e não te deixei falar… Não me olha com essa cara de quem não está entendendo o que eu estou querendo dizer. Não, eu não sei explicar as coisas de maneira mais claras. Fale você, de uma vez e acabe com essa tortura dentro de mim. Ponha um fim nesse dilema e me diga logo se vai ou se fica; se desiste ou tenta; se me ignora ou me suporta… só não deixe existir esse silêncio absurdo entre nós.
Tá, vamos fazer assim: pare, pense e só fale um sim ou um não. Se não quiser falar, me escreva… só não me deixe falando só e sem resposta. Fico aqui com a Roberta Sá, exatamente no trecho “Nem sei se eu quero pensar mais nada, nada… Tudo que eu tinha larguei pelo chão de uma outra estrada…”.
Beijos e até o seu tempo.
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